PS. Que fala do amor, do desamor e de outras bobagens.

amor zapatista ezln

Tonita veio
se exibir com sua nova xícara de chá. Sem anestesia, vai logo soltando que…

 

– O amor é
como uma xícara de chá que cada dia cai no chão e quebra em pedaços; de
madrugada juntamos os pedaços e, com um pouco de umidade e temperança, colamos,
e a xícara passa a existir de novo. Quem está apaixonado passa a vida temendo a
chegada do dia terrível em que a xícara ficará tão quebrada que não será mais
possível uni-la.

 

Vai embora
assim como veio, reiterando sua recusa a um beijo que, agora mais do que antes,
“arranha muito”.

 

– O amor não
é mais que uma balança complicada – Diz Durito –. De um lado colocamos as coisas
boas e, do outro, as ruins. O amor será tão longo quanto o tempo em que uma
balança boa supere em peso a balança ruim. Quem ama passa a vida acumulando
pesos e cuidados na balança boa. Presta tanta atenção nesse peso que se esquece
da balança ruim.Nunca entenderá como um peso, que apenas seria uma pluma de
suspiro, pôde desequilibrar a balança a favor do desamor de forma contundente,
definitiva, irremediável…

 

Fiquei
pensando e fumando. A lua era uma unha nacarada, uma vela inchada de luz no
barco da noite. Assomou o seu gume na cúspide da montanha e depois se lançou
com tal força que seu passo maltratou não poucas estrelas.

 

Tudo bem de
novo. Feliz ano, oxalá que agora sim seja novo.

 

Subcomandante
insurgente Marcos

 

23 de
dezembro de 1995

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